
Li há algum tempo esse pequeno grande livro. Para alguém que já leu muito sobre o holocausto dos judeus, os campos de concentração, os julgamentos de Nuremberg, passando a ter um contato estreito com a história repugnante do nazismo, a inocência do livro é como um refrigério para a alma. Um livro bom para ser lido após um conhecimento prévio do nazismo, seus desdobramentos e suas consequências, afim de que não se deixe rotular o povo alemão, porque, sob o prisma da infância, dessa inocência pungente, quer sejamos brasileiros, chineses, árabes, alemães ou qualquer nacionalidade que tenhamos, a essência da infância é surpreendentemente semelhante: a inocência. Me vem à memória uma frase: "Não importa o que fizeram de nós, importa sim o que faremos do que fizeram de nós." Assim é que os povos, em sua origem, são formados de pessoas boas. O que se tornam depois que a vida lhes imprime sua marca, é uma questão pessoal.
Li outro dia, algo bem interessante, que cabe com perfeição aqui:
"O direito da escolha
O doutor Victor Frankl, sobrevivente do campo de concentração de Auschiwitz, escreveu em seu diário: Aqueles que viveram nesses lugares de morte conseguem ainda se lembrar que, durante a noite, alguns dos que estavam ali iam de barraca em barraca confortando os mais desesperados e, muitas vezes, ofereciam um pedaço de pão ou de batata que havia sobrado. Poucos eram capazes de agir assim, mas esses poucos davam a todos a maior das lições: pode-se tirar quase tudo de um homem, menos sua liberdade de escolher - não importa em que circunstâncias - a maneira como acham que devem agir."
Voltando ao livro, merece ser lido com especial carinho e, mormente o desfecho inesperado é, sem sombra de dúvida, um dos mais leves livros que já li sobre um assunto tão doloroso.
(foto de Kim Anderson)
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