Aqui onde a vida dobra a esquina, a gente se fala... e se refugia do desinteressante...

Porque tudo é uma questão de opção. Assim podemos ser cidadãos do mundo, carregando sóis gelados e luas coloridas. Podemos ter olhos para o bem estar alheio e estocar imensos pacotes de riso fresco. Não se iludir... mas fantasiar. Ser um sim dos momentos vagos, um enorme talvez das possibilidades. Enxergar tudo que gostamos e "passar batido" pelo que não apreciamos. Ser de empréstimo, de "por acaso", eternos olás de distribuição gratuíta ou pequenos adeuses restritos... Ser um moinho de vento. Até quem sabe, e por que não, o último biscoito do pacote?

3 de fev. de 2009

O AMOR (Gibran Khalil Gibran)

Quando o amor o chamar
se guie
embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados...
E quando ele vos envolver com suas asas
cedei-lhe
embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos...
E quando ele vos falar
acreditai nele
embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim...
Pois da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica;
e da mesma forma que contribui para o vosso crescimento
trabalha para vossa poda;
e da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol
assim também desce até vossas raízes e a sacode no seu apego à terra...
Como feixes de trigo ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor a vossa nudez, Ele vos peneira para libertar-vos das palhas;
Ele vos mói até extrema brancura,
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis
então ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino...
Todas essas coisas o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações,
e com esse conhecimento vos convertais no pão místico do banquete divino...
Todavia se no vosso temor procurardes somente a paz do amor, o gozo do amor,
então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez, abandonásseis a ira do amor
para entrar num mundo sem estações onde rireis, mas não todos os vossos risos,
e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas...
O amor nada dá, senão de si próprio
e nada recebe, senão de si próprio...
O amor não possui nem se deixa possuir
pois o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga 'Deus está no meu coração'
mas que diga antes 'Eu estou no coração de Deus'...
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor pois o amor se vos achar dignos determinará ele próprio vosso curso...
O amor não tem outro desejo se não o de atingir a sua plenitude...
Se contudo amardes e precisardes ter desejos,
sejam estes os vossos desejos:
de vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;
de conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
de ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor;
e de sangrardes de boa vontade e com alegria;
de acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
de descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;
de voltardes pra casa à noite com gratidão
e de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado
e nos lábios uma canção de bem-aventurança...
(Foto de Kim Anderson)